domingo, junho 10, 2007

O amor


"Não falo do amor romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.

Relações de dependêcia e submissão, paixões tristes.

Algumas pessoas confundem isso com amor, chamam de amor esse querer escravo, e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.

Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado, mas é exatamente o oposto.

Para mim, que o amor se manifesta, a virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construido, inventado e modificado, o amor está em movimento eterno, em velocidade infinita, o amor é um móbile.

Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine? Minha respota? O amor é o desconhecido. Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o amor será sempre o desconhecido.

A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.

A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.

O amor quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante.

A vida do amor depende dessa interferência.

A morte do amor é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta.

Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos e nós preferimos o leito de um rio, com inicio, meio e fim.

Não, não podemos subestimar o amor.

Não podemos castrá-lo.

O amor não é orgânico.

Não é meu coração que sente o amor.

É a minha alma que o saboreia.

Não é no meu sangue que ele ferve.

O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espirito.

Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas.

O amor brilha, como uma aurora colorida e misteriosa, como um crespúsculo inundado de beleza e despedida, o amor grita seu silêncio e nos dá sua música.

Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor, se estivermos também a devorá-lo.

O amor, eu não conheço, e é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro.

A vida só existe quando o amor a navega.

Morrer de amor é a substância de que a vida é feita, ou melhor, só se vive no amor.

E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto. "

Moska.

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