quinta-feira, março 30, 2006

Meus pecadinhos


Pecadinhos
Ceumar


Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo
Tende piedade dos pecadinhos
Que de tão pequenininhos não fazem mal a ninguém
Perdoai nossas faltas
Quando falta o carinho
Quando flores nos faltam
Quando sobram espinhos
Eu que vivo na flauta
Vivo tão pianinho
Vou virar astronauta
Pra aprender o caminho

domingo, março 19, 2006

Não me sinto só no desejo de voar!


Ah, Quanta Vez, na Hora Suave

AH, quanta vez, na hora suave
Em que me esqueço,
Vejo passar um vôo de ave
E me entristeço!
Por que é ligeiro, leve, certo
No ar de amavio?
Por que vai sob o céu aberto
Sem um desvio?

Por que ter asas simboliza
A liberdade
Que a vida nega e a alma precisa?
Sei que me invade

Um horror de me ter que cobre
Como uma cheia
Meu coração, e entorna sobre
Minh'alma alheia
Um desejo, não de ser ave,
Mas de poder
Ter não sei quê do vôo suave
Dentro em meu ser.

(Fernando Pessoa )

Gosto dele porque ele é assim...

Alberto Caeiro
A Espantosa Realidade das Cousas

A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.
Basta existir para se ser completo.
Tenho escrito bastantes poemas.
Hei de escrever muitos mais. naturalmente.
Cada poema meu diz isto,
E todos os meus poemas são diferentes,
Porque cada cousa que há é uma maneira de dizer isto.
Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
Não me ponho a pensar se ela sente.
Não me perco a chamar-lhe minha irmã.
Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
Gosto dela porque ela não sente nada.
Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.
Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.
Eu não sei o que é que os outros pensarão lendo isto;
Mas acho que isto deve estar bem porque o penso sem estorvo,
Nem idéia de outras pessoas a ouvir-me pensar;
Porque o penso sem pensamentos
Porque o digo como as minhas palavras o dizem.
Uma vez chamaram-me poeta materialista,
E eu admirei-me, porque não julgava
Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
Eu nem sequer sou poeta: vejo.
Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
O valor está ali, nos meus versos. T
udo isso é absolutamente independente da minha vontade.

quarta-feira, março 15, 2006

Viver não dói

Viver não dói
(Carlos Drummond de Andrade)
Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos
conhecido uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.

terça-feira, março 14, 2006

Odoiá!


Yemanjá
(Léo Artese)
Luar se fez
Um raio prateado
Iluminando o Céu
E as espumas do Mar
Lindo clarão
a beira-mar
Vejo mamãe Yemanjá
Lá vem, lá vem
Junto com suas sereias
Nos abençoar
Rainha Yemanjá
Dona das águas
Tu és mãe
Oh! Janaína
Odo Iya
Iluminai
Minhas profundas águas
Para eu decifrar
Mistérios de meu Mar
Desse meu Mar
De emoções
Rainhas vem iluminar
Yemanjá
Princípio gerador
Amor fundamental
Tão puro e maternal
Yemanjá
Vem confortar
Oh! Janaína
Odo Iya

* * *Viva Yemanjá!!!


(Foto: Denise Mendes)

sexta-feira, março 10, 2006

.


Gosto de bonecas de pano.
E de trombar com anjos também...

Tá com saudades do mar né nêgo!


Penso que o mar é como o deserto.

"No deserto quem manda é o silêncio.
Ele nos cala. E é ele que nos faz sentir o quão longe estamos de tudo o que conhecemos
e o quão perto estamos do que somos."

A lua também deve ser assim...

Agora

"Agora que é tempo
Colher fruta madura no vento"

A gandaia das Ondas

A Gandaia das Ondas
Renata Arruda

" É bonito se ver
Na beira da praia
A gandaia das ondas que o barco balança
Batendo na areia
Molhando os cocares
Dos coqueiros
Como guerreiros da dança
Oh! quem não viu vá ver
A onda do mar crescer
Oh! quem não viu vá ver"

Canção de horas.... que por vários dias... embalou meu olhar sobre a água e o vento no movimento de se abraçar. Abraço que às vezes, de tão intenso, é capaz de fazer uma onda crescer.
E quem não viu, VÁ VER!

Eu... por Ed !

O cheiro é de camomila
O macio, de chinchila
Pigmentos de clorofila
Pelo mundo de mochila,
Não tem nada de pisquila
Levando a vida tranqüila,
Da beleza fez apostila
Maga, bruxa, sibila
Jamaicana lá da vila:
Seu nome é mesmo
Camila

(Edmundo Novaes - Ed)

Danço mesmo!!!!! E não quero parar!



Me engatei numa dança com a vida que de tão boa nem penso em parar!
Troco de sandálias, sapatilhas, troco até a sola do pé (se precisar), mas parar...
Se cansar é só voar! Bom ter asas para aliviar as pernocas, bailar no ar.
E depois voltar pra terra, onde posso sempre pisar!
Coisa boa levantar poeira ao som do meu caminhar!
Passo pra frente, passo pra trás, rodopios e cambalhotas!
Todo movimento é de se deixar levar!
Na dança da vida não tem jeito pra se atrapalhar!
Só se quiser escapar! Melhor nem tentar!
O negócio mesmo é respirar, deixar os ritmos e os sons te tocarem!
Hora ela é calma, dança no movimento de se assentar!
Hora ela te agita tanto que quando vê já mudou de estrada,
já está mais aqui do que acolá! Ou mais lá do que cá!
Se quiser experimentar...
É só se entregar!

Fuso fora de hora!

O relógio do meu blog tá fora de hora!
As últimas postagens abaixo, inclusive esta, foram feitas à uma da manhã.
E o que importa???
A hora é agora!
E toda hora é hora!

(e eu não encontro o relógio para mudar os ponteiros de lugar - o tempo é senhor dele mesmo.
Deixe estar... )

Sempre borboleta

Tô feito borboleta no vento
pousando quando dá
voando enquanto posso
sendo abraçada pela liberdade do ar
deixando o tempo me levar...

Num dia de sol... caiu a ficha! E eu... caí no flow!

"Quando você encontra ´quem você é`,
quando você se dá conta...
o AGORA está sempre perfeito.
E aí nasce uma nova possibilidade de ação:
a ação inativa.
Ou seja, o fazer sem fazer,
que não está baseado no desejo.
Nisso, acontece o que tem que acontecer."

Caí no flow...

CORAGEM

CORAGEM
( Merije)

Vou seguir sem medo,
Sem preconceito,
Sem esperar aplauso,
Vou fazer o que tem que ser feito.
Tô pedindo a Deus coragem
Coragem prá prosseguir
O homem na estrada é filho de Deus
Filho da puta se não seguir! (Olha ele aí!)
É nessas horas que se comprova,
Se Deus existe mesmo.
Este mundão lá fora
E até a coragem tem seu preço.
Levanta a cabeça, lembra da sua mãe
Que como um milagre te trouxe à vida
Agora é contigo, cumpadre (cumadre),
Se vira.
Quem é que nunca teve medo de mudar?
Quem é que nunca pensou em desistir?
Mas e aqueles que conseguiram chegar lá?
E aqueles que conseguiram " ser feliz" ?
Quem é que nunca quis experimentar?
Quem é que nunca tentou se iludir?
Fico com aqueles que fizeram como era de se esperar,
Deixaram o coração decidir!
Coragem,
Tô pedindo a Deus para ele mostrar coragem!

Merije

E grita Merije: O MELHOR CARNAVAL DO MUNDO

Sem conseguir organizar ainda em palavras as sensações e experiências que tive em 3 meses de Nordeste Brasileiro, peço licença a uma figura querida, o amigo Wagner Merije, para publicar aqui a sua tradução do MELHOR CARNAVAL DO MUNDO! Eu também estava lá:

O maior carnaval do mundo
07.03.2006 _ Wagner Merije

Se você procura por emoções fortes, gosta de música, tem cabeça aberta, curte o sol e o calor, não pode morrer sem passar um carnaval em Recife. E também em Olinda.
Prepara-se para se dançar, cantar, festejar e se arrepiar como se fosse essa a última festa da Terra. Antes, porém, tome uma bose dose de energia, pois vai precisar para dar conta de viver tantas emoções.

Um carnaval grandioso, vibrante, autêntico e surpreendente. Uma festa para todos os sentidos, para todos os gostos, para emocionar brasileiros e estrangeiros. O carnaval multicultural de Recife de 2006, com sua diversidade, tem tudo para ostentar o título de maior carnaval do mundo. Um grande evento que custou R$ 14 milhões, cinco deles captado junto à iniciativa privada.

Não é o caso de se comparar com outros carnavais do Brasil e do mundo, mas sim compreender um projeto cultural e político que prima pela democracia, pela diversidade, pelo resgate e promoção das raízes culturais de uma cidade e um estado rico e ativos que ainda têm muito para mostrar para o Brasil e o mundo.

Neste ano foram 16 pólos de atrações (no centro velho e na periferia), 800 shows gratuitos com a participação de mais de 180 artistas nacionais e regionais (acompanhados por centenas de músicos locais), além de números de dança, de rituais religiosos incorporados à folia, mostra de arte e tradições locais centenárias. Para quem gosta de música, teve maracatu, frevo, cavalo marinho, bois, coco, caboclinho, ciranda, samba, rock, pop, reggae, afoxé, manguebit, para quem gosta de danças esfuziantes, teve frevo, cavalo marinho, verdadeiros desafios até para os mais elásticos, isso tudo sem contar o sotaque peculiar, a culinária, a arquitetura, a geografia, o mar próximo.


Tamanha festa boa só podia atrair uma multidão de entusiastas, que fez o espetáculo popular da celebração com respeito e paz. Multidão vibrante, que acompanhava tudo e incorporava-se às coreografias e rituais. Viver a experiência de estar em Recife no carnaval é algo incrivelmente intenso, capaz de emocionar e sacudir até mesmo aqueles que não são autênticos foliões. Dia e noite, é um desfile de blocos, agremiações, maracatus, escolas de samba, clubes de frevos, bonecos, brincantes, troças, índios, bois, ursos, membros de uma fauna alegre que têm o carnaval no sangue. E a música está tem todo canto, passado de pai pra filho. As tradições são passadas de geração a geração, com amor, com prazer, com natural devoção, para encher os olhos e os ouvidos de qualquer um.

A festa fica ainda mais poderosa e inesquecível quando aliada ao incrível e divertido carnaval de Olinda, situada a poucos quilômetros da capital pernambucana. Nas ladeiras e ruas estreitas da cidade histórica, eleita a primeira “Capital Brasileira da Cultura” (mote que ajudou a incrementar ainda mais os festejos deste ano), são centenas de blocos (alguns existentes há décadas, outros recém-criados) a tomar as ruas várias dias antes do calendário oficial até dias depois da quarta-feira ingrata. Em Olinda, a rua é o palco principal e cada um é parte fundamental de um desfile de fantasias que fazem jus ao termo “brincar o carnaval”.

MULTICULTURAL E MULTICOLORIDO
Enchendo os olhos, a cenografia nas duas cidades também chama a atenção para suas cores, suas figuras lendárias e tótens, sua linguagem alegórica que traduz parte da história do povo pernambucano e ajuda a compor este cenário paradisíaco surreal. A riqueza das imagens, formas e volumes expressados em materiais reciclados, dão brilho e luz às ruas e evocam o imaginário nordestino e os cinco séculos de miscigenação brasileira. Chapante, delirante, o caminhar parece encantado, embalado pela alegria do povo e pelo eco dos batuques.

Por mais que dure, que comece cedo e vare as madrugadas e se arraste por vários dias, a sensação comum aos pernambucanos e aos turistas é de saudade, de vontade de mais e mais, quando a festa vai se aproximando do fim. Não é de estranhar que muitos começam a contagem regressiva para a próxima folia imediatamente ao tocar dos clarins. E para quem é de fora, resta a esperança de poder voltar, de poder viver tudo de novo e muito mais no ano que vem. E pensar que isso é só um pouco da cultura brasileira. Tem muito mais para ver e viver por este Brasilsão.

Links:www.recife.pe.gov.br/carnavalwww.olinda.pe.gov.br/carnaval2006