sexta-feira, março 10, 2006

E grita Merije: O MELHOR CARNAVAL DO MUNDO

Sem conseguir organizar ainda em palavras as sensações e experiências que tive em 3 meses de Nordeste Brasileiro, peço licença a uma figura querida, o amigo Wagner Merije, para publicar aqui a sua tradução do MELHOR CARNAVAL DO MUNDO! Eu também estava lá:

O maior carnaval do mundo
07.03.2006 _ Wagner Merije

Se você procura por emoções fortes, gosta de música, tem cabeça aberta, curte o sol e o calor, não pode morrer sem passar um carnaval em Recife. E também em Olinda.
Prepara-se para se dançar, cantar, festejar e se arrepiar como se fosse essa a última festa da Terra. Antes, porém, tome uma bose dose de energia, pois vai precisar para dar conta de viver tantas emoções.

Um carnaval grandioso, vibrante, autêntico e surpreendente. Uma festa para todos os sentidos, para todos os gostos, para emocionar brasileiros e estrangeiros. O carnaval multicultural de Recife de 2006, com sua diversidade, tem tudo para ostentar o título de maior carnaval do mundo. Um grande evento que custou R$ 14 milhões, cinco deles captado junto à iniciativa privada.

Não é o caso de se comparar com outros carnavais do Brasil e do mundo, mas sim compreender um projeto cultural e político que prima pela democracia, pela diversidade, pelo resgate e promoção das raízes culturais de uma cidade e um estado rico e ativos que ainda têm muito para mostrar para o Brasil e o mundo.

Neste ano foram 16 pólos de atrações (no centro velho e na periferia), 800 shows gratuitos com a participação de mais de 180 artistas nacionais e regionais (acompanhados por centenas de músicos locais), além de números de dança, de rituais religiosos incorporados à folia, mostra de arte e tradições locais centenárias. Para quem gosta de música, teve maracatu, frevo, cavalo marinho, bois, coco, caboclinho, ciranda, samba, rock, pop, reggae, afoxé, manguebit, para quem gosta de danças esfuziantes, teve frevo, cavalo marinho, verdadeiros desafios até para os mais elásticos, isso tudo sem contar o sotaque peculiar, a culinária, a arquitetura, a geografia, o mar próximo.


Tamanha festa boa só podia atrair uma multidão de entusiastas, que fez o espetáculo popular da celebração com respeito e paz. Multidão vibrante, que acompanhava tudo e incorporava-se às coreografias e rituais. Viver a experiência de estar em Recife no carnaval é algo incrivelmente intenso, capaz de emocionar e sacudir até mesmo aqueles que não são autênticos foliões. Dia e noite, é um desfile de blocos, agremiações, maracatus, escolas de samba, clubes de frevos, bonecos, brincantes, troças, índios, bois, ursos, membros de uma fauna alegre que têm o carnaval no sangue. E a música está tem todo canto, passado de pai pra filho. As tradições são passadas de geração a geração, com amor, com prazer, com natural devoção, para encher os olhos e os ouvidos de qualquer um.

A festa fica ainda mais poderosa e inesquecível quando aliada ao incrível e divertido carnaval de Olinda, situada a poucos quilômetros da capital pernambucana. Nas ladeiras e ruas estreitas da cidade histórica, eleita a primeira “Capital Brasileira da Cultura” (mote que ajudou a incrementar ainda mais os festejos deste ano), são centenas de blocos (alguns existentes há décadas, outros recém-criados) a tomar as ruas várias dias antes do calendário oficial até dias depois da quarta-feira ingrata. Em Olinda, a rua é o palco principal e cada um é parte fundamental de um desfile de fantasias que fazem jus ao termo “brincar o carnaval”.

MULTICULTURAL E MULTICOLORIDO
Enchendo os olhos, a cenografia nas duas cidades também chama a atenção para suas cores, suas figuras lendárias e tótens, sua linguagem alegórica que traduz parte da história do povo pernambucano e ajuda a compor este cenário paradisíaco surreal. A riqueza das imagens, formas e volumes expressados em materiais reciclados, dão brilho e luz às ruas e evocam o imaginário nordestino e os cinco séculos de miscigenação brasileira. Chapante, delirante, o caminhar parece encantado, embalado pela alegria do povo e pelo eco dos batuques.

Por mais que dure, que comece cedo e vare as madrugadas e se arraste por vários dias, a sensação comum aos pernambucanos e aos turistas é de saudade, de vontade de mais e mais, quando a festa vai se aproximando do fim. Não é de estranhar que muitos começam a contagem regressiva para a próxima folia imediatamente ao tocar dos clarins. E para quem é de fora, resta a esperança de poder voltar, de poder viver tudo de novo e muito mais no ano que vem. E pensar que isso é só um pouco da cultura brasileira. Tem muito mais para ver e viver por este Brasilsão.

Links:www.recife.pe.gov.br/carnavalwww.olinda.pe.gov.br/carnaval2006

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