sexta-feira, junho 22, 2007

!

“Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio, e eu moverei o mundo”.

Arquimedes (matemático grego – supostamente entre 287 a.C. e 212 a.C.)

Griô!


"Pra começo de conversa, peço a benção aos mais velhos, que me dão sabedoria pra eu brincar com esses versos" Griô

"A palavra griot é francesa, griot no masculino e griote no feminino. Griô é um jeito brasileiro proposto pelo Ponto de Cultura Grãos de Luz e Griô que optou pelo trabalho com os/as griôs reis, os/as que são iniciados/as pelos mestres.
Segundo Hampâté Bâ, nas línguas e dialetos da região sul do Saara, noroeste da África, na tradição oral dos grupos étnicos Bambaras e Fulas na região do Mali, de onde originam os griôs, eles têm diversos nomes e funções sociais, como por exemplo, em Bambara: Dielis, que significa sangue, uma analogia com o que circula no organismo vivo. Eles são genealogistas, contadores de histórias, músicos/poetas populares, importantes agentes da cultura. Chegam a assumir a função de noticiadores, mediadores e diplomatas. Às vezes são contratados pelos nobres para pesquisar e contar a história e genealogia de sua família, seus heróis e glórias. Os griôs podem enfeitar ou alegrar os eventos de uma comunidade como os palhaços. Na tradição oral, a palavra tem um poder e um significado divino, tem um compromisso com a verdade e com os ancestrais. Ter o poder de brincar e enfeitar as palavras é algo legitimado apenas por alguns tipos de griô. "

"Perfil do Griô de Tradição Oral
• Líder de grupos culturais e associações locais que trabalham com as tradições orais e/ou a animação popular: congadeiro(a), fulião de reis e bois, cantador(a) de quadrilha, marujo(a), capoeirista, jongueiros;
• Transmite com facilidade a sabedoria de tradição oral por meio da fala e da palavra, como uma arte ou magia: repentistas, contador(a) de história, músico (cantador(a), compositor(a)), trovador(a) ou menestrel, poetas em geral que percorrem o País ou estão ligados a uma família/comunidade;
• História de vida de tradição oral;
• Músico, instrumentista e animador/a de festas;
• Que se identifique com a figura do caminhante, do viajante e contador/a de histórias;
• Idade mínima de 50 anos."
Ai meu Pai! Saravá!
Muitas palavras e exemplos úteis e lindos no site www.graosdeluzegrio.ogr.br
"De tudo ficam três coisas:
a certeza de que estou sempre começando.
A certeza de que é preciso continuar e
a certeza de que serei interrompido antes de terminar.
Fazer da interrupção um caminho novo.
Fazer da queda um passo de dança.
Do medo uma escada.
Do sono uma ponte.
Da procura um encontro."

Fernando Sabino

E as incertezas continuam... rs

Como estás???

"Tô relendo minha lida,
minha alma, meus amores
Tô revendo minha vida,
minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças,
minha fonte, meus favores
Tô regando minhas folhas,
minhas faces, minhas flores
Tô limpando minha casa,
minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa,
minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas,
meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas,
meu começo, meu caminho
Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim"

(Meu Jardim – Vander Lee)

quinta-feira, junho 21, 2007

Manifesto-Ação

Manifesto-Ação

Ser artista é uma possibilidade que todo ser humano tem,
independente de ofício, carreira ou arte.
É uma possibilidade de desenvolvimento pleno,
de plena expressão, de direito à felicidade.
A possibilidade de ir ao encontro de si mesmo,
de sua expressão, de sua felicidade, plenitude, liberdade, f
ertilidade é de todo e qualquer ser humano.
Isso não é um privilégio do artista,
é um direito do ser humano
— de se livrar de seus papéis, de exercer suas potencialidades
e de se sentir vivo.
Todo mundo pode viver sua expressão sem estar preso a um papel.
Não se trata de ser artista ou não, mas de uma perspectiva do ser humano e do mundo.
Não se trata só de todos os artistas serem operários,
mas também de todos os operários serem artistas.
Das pessoas terem relações criativas, férteis e de transformação com o mundo,
a realidade, a natureza, a sociedade.
O homem não está condenado a ser só destruidor, consumista,
egoísta como a sociedade nos leva a crer.

Manifesto Instituto Tá Na Rua

Aviso ao desavisado!

O amanhã só vem mesmo pra dizer
Que ainda não chegou!

quarta-feira, junho 20, 2007

Entender pra quê?

"Não entendo.
Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.
Entender é sempre limitado.
Mas não entender pode não ter fronteiras.
Sinto que sou muito mais completa quando não entendo...
O bom é ser inteligente e não entender.
É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida.
É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Só que de vez em quando vem a inquietação:
quero entender um pouco.
Não demais:
pelo menos entender que não entendo. "

Clarice Lispector

segunda-feira, junho 18, 2007

Cordão

Cordão

Ninguém
Ninguém vai me segurar
Ninguém há de me fechar
As portas do coração
Ninguém
Ninguém vai me sujeitar
A trancar no peito a minha paixão
Eu não
Eu não vou desesperar
Eu não vou renunciar
Fugir
Ninguém
Ninguém vai me acorrentar
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir
Ninguém
Ninguém vai me ver sofrer
Ninguém vai me surpreender
Na noite da solidão
Pois quem
Tiver nada pra perder
Vai formar comigo o imenso cordão
E então
Quero ver o vendaval
Quero ver o carnaval
Sair
Ninguém
Ninguém vai me acorrentar
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir
Enquanto eu puder cantar
Alguém vai ter que me ouvir
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder seguir
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir
Enquanto eu poder cantar
Enquanto eu poder...

(Chico Buarque / Composição: Chico Buarque)

sexta-feira, junho 15, 2007

Movimento Armorial

A Arte Armorial Brasileira é aquela que tem como traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos "folhetos" do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus "cantares", e com a Xilogravura que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das Artes e espetáculos populares com esse mesmo Romanceiro relacionados".
Ariano Suassuna, Jornal da Semana, Recife, 20 maio 1975.

O Movimento tem interesse pela pintura, música, literatura, cerâmica, dança, escultura, tapeçaria, arquitetura, teatro, gravura e cinema.


Aqui morava um rei

"Aqui morava um rei
quando eu menino
Vestia ouro e castanho no gibão,
Pedra da Sorte sobre meu Destino,
Pulsava junto ao meu, seu coração.

Para mim, o seu cantar era Divino,
Quando ao som da viola e do bordão,
Cantava com voz rouca, o Desatino,
O Sangue, o riso e as mortes do Sertão.

Mas mataram meu pai.
Desde esse dia
Eu me vi, como cego sem meu guia
Que se foi para o Sol, transfigurado.
Sua efígie me queima.
Eu sou a presa.
Ele, a brasa que impele ao Fogo acesa
Espada de Ouro em pasto ensanguentado."

(Ariano Suassuna)

terça-feira, junho 12, 2007

De devaneios da paixão...

Adoro devaneios conjuntos com meu "camaradinha" no messenger!
Olha só o que sai dele:

"Paixão é essência de se mover diariamente pelo espaço, sem que se importe com os rasgos, os cortes, os ossos quebrados.
Paixão é o líquido do eterno elixir do vácuo, é o núcleo e é o favo, o útero e o magma. Paixão é luz aguada de primeira vez, paixão é um toque que de tão leve deixa uma marca tão precisa que só nos ultrapassa."
(Proeta)

+ Impressões

Faz pouco um moço me disse que sou "feita de éter"! Hoje outro me exclama que "tem dúvidas que eu exista"!!!
Meu Deus! Será que vou sumir???

domingo, junho 10, 2007

O amor


"Não falo do amor romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.

Relações de dependêcia e submissão, paixões tristes.

Algumas pessoas confundem isso com amor, chamam de amor esse querer escravo, e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.

Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado, mas é exatamente o oposto.

Para mim, que o amor se manifesta, a virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construido, inventado e modificado, o amor está em movimento eterno, em velocidade infinita, o amor é um móbile.

Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine? Minha respota? O amor é o desconhecido. Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o amor será sempre o desconhecido.

A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.

A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.

O amor quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante.

A vida do amor depende dessa interferência.

A morte do amor é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta.

Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos e nós preferimos o leito de um rio, com inicio, meio e fim.

Não, não podemos subestimar o amor.

Não podemos castrá-lo.

O amor não é orgânico.

Não é meu coração que sente o amor.

É a minha alma que o saboreia.

Não é no meu sangue que ele ferve.

O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espirito.

Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas.

O amor brilha, como uma aurora colorida e misteriosa, como um crespúsculo inundado de beleza e despedida, o amor grita seu silêncio e nos dá sua música.

Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor, se estivermos também a devorá-lo.

O amor, eu não conheço, e é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro.

A vida só existe quando o amor a navega.

Morrer de amor é a substância de que a vida é feita, ou melhor, só se vive no amor.

E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto. "

Moska.

Como éter...



Um moço disse que sou feita de éter...
Achei algo pra traduzir -

“Sou Lenda, porque as lendas são envoltas em Mistérios e Magias.


São uma criação dos caminhos da mente, da vaga imaginação, da liberação dos silêncios da alma...


Sou Lenda, porque as lendas correm livres junto ao vento, buscando


as vozes da memória para que alcancem, as histórias perdidas no tempo...


Sou Lenda, pelo desejo incontido que há em mim, de tornar possível o encontro entre a Lua e o Sol, diminuindo o entrave da dor...


Então, sendo Lenda posso cavalgar pelos sonhos, velejar pelos mares da sua saudade, passear, solto, pelo seu pensamento...


Sendo Lenda, posso brincar na sua alegria, ser parte da sua emoção, e caminhar, tranqüilo, pela sua ilusão...


Sendo Lenda, posso escrever meu nome em sua vida,


e me instalar no aconchego do seu coração, como uma sensação chegando pelo perfume do ar... Sendo Lenda posso ser parte de você, sem você perceber..."





Autor desconhecido.

Heparrey Oyá !

Heparrey Oyá Mesolorum!
Oiá Onirá Agomi Axé!

Rainha do tempo
Senhora dos raios
Mãe dos ventos
Soberana das tempestades
Presente em minha vida

Com sua espada de cobre
Me defenda
Abra meus caminhos
E me proteja contra meus inimigos,
invejosos e opositores

Que eu seja protegida por
nove ventos ao meu lado esquerdo
nove ventos ao meu lado direito
nove ventos nas minhas costas
nove ventos à minha frente
e nove ventos na minha cabeça.

Salve sua força e seu poder
grande guerreira do tempo!
Que eu alcance meus objetivos
com tua força e proteção!

Axé!

... Claro!


... CLARO!

Às vezes seria melhor não olhar.

Fazer de conta que não

Que nem sei,

Não vi.

Pra quem sabe assim despistar

A dor que ainda não há

Mas pode ser que venha

E se vier......

Claro!

Mas ficaria o que?

O vazio?

Não.

Não há o nada.

Ficaria o medo

E, sabe d’uma coisa?

Uma moça um dia me fez ver

Que o contrario do amor

Não é o ódio não

È o medo.

Então prefiro abrir os olhos

E arriscar riscar o medo

Só pra ver no que vai dar

E, se vier a dor, aproveito

Pra fazer uma poesia rimada.


(Frederico Silveira Ribeiro)

quarta-feira, junho 06, 2007

Cântico negro


Cântico negro


José Régio

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços, E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada. Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio, pseudônimo literário de José Maria dos Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde em 1901.
Licenciado em Letras em Coimbra, ensinou durante mais de 30 anos no Liceu de Portalegre.
Foi um dos fundadores da revista "Presença", e o seu principal animador. Romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico, foi, no entanto, como poeta. que primeiramente se impôs e a mais larga audiência depois atingiu. Com o livro de estréia — "Poemas de Deus e do Diabo" (1925) — apresentou quase todo o elenco dos temas que viria a desenvolver nas obras posteriores: os conflitos entre Deus e o Homem, o espírito e a carne, o indivíduo e a sociedade, a consciência da frustração de todo o amor humano, o orgulhoso recurso à solidão, a problemática da sinceridade e do logro perante os outros e perante a si mesmos.