domingo, maio 28, 2006

Penso que não sou!




Tem horas que penso que não sou!
Não sou eu quem penso isso tudo!
Não são minhas estas vontades,
estes desejos,
estes despejos de idéias que vem e que vão com tanta facilidade; que não são!
Não são minhas, não sou eu!
Tudo o que sinto agora, há pouco já se escondeu!
Outros sentimentos chegam tentando lembrar do que aconteceu.
Aí vem idéias e idéias, vem, vão, voltam, desaparecem, chegam,
tomam conta, criam estradas, acendem luzes, apagam outras tantas idéias,
São diversas as horas do meu ser.
São diversos todo esse querer.
São dispersos por não saber de onde vem e nem para onde vão.
Não sabem nem por quê são
Mas são!
E não são meus, não são minhas!
Ou serão?
Vêm como turbilhão.
Transbordam as presenças em mim
E por transbordarem-se perdem-se além, sem fim.
Trazem ausências, abrem espaços.
Quase nunca se completam.
Para onde vão?
Não sei! Não sei nem se são!
Ou se são para serem completas.
Todas intensas, às vezes em vão,
Outras não.
Inquietas.
Todas paixões.
Intensas.
Ás vezes pálidas,
às vezes escuras,
mas sempre propensas
a ceder seu espaço ao que vier.
Todas sedentas
por ir, vir, voltar, não ficar, não calar.
Pra onde será que vão?
Ás vezes penso que não sou!
Por que passeiam por aqui,
Por mim?
Sou para ser incompleta!
Sou portas abertas!
Portas que deixam entrar,
deixam sair,
que não sabem a hora de se trancar,
ou de deixar morar.
Portas que se assustam,
que batem com o vento,
fazem barulho,
calam o tormento que está por dentro.
Portas que escondem,
que mostram transparências,
portas de vivências,
de muitas influências.
Sou portas abertas ao mundo,
ao que vier me visitar.
Só que tem hora,
que quero calar.
Parar.
Quietar.
Deixar ficar.
Fechar.
Trancar.
Plantar.
Permanecer.
Fazer crescer.
Colher.

... Cansei.

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